segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Peixe Grande é Capturado pela Boca

Mais um político de grosso calibre está atrás das grades. É claro que por poucos dias. Mas isso já é um grande passo para uma tentativa de melhorar o quadro clínico mórbido da política brasileira.
Delcídio do Amaral já fez parte do governo Itamar e FHC tendo sido um dos diretores da Petrobrás na era Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa. Enrabichou-se no PT e por lá permanece até hoje.
Senador eleito pelo Mato Grosso do Sul, Delcídio é escolhido por Dilma para ser o líder do governo no Congresso Nacional e no Senado.
Ele é o homem que sabe muito e que muito pode (podia). Mas sua fortaleza ruiu-se em decorrência de um jovem ator, o Bernardo, filho do presidiário Nestor Cerveró.
Bernardo gravou, sem que mais ninguém soubesse, uma reunião que contou com a participação de Delcídio do Amaral e assessor e do advogado do pai, Edson Ribeiro. A conversa funciona como um dedo na garganta, pois os 135 minutos da gravação revelam a falta de vergonha na cara de um cidadão que foi eleito para servir o povo, mas que no lugar, o apunhala.
Delcídio é só mais um dos figurões do planalto central que foi parar atrás das grades. Mas, a reboque, outros papas da política encardirão seus alvos colarinhos nas celas da Polícia Federal.
É claro que nenhum deles passará vinte ou trinta anos na cadeia (merecidos) e tampouco devolverá toda a fortuna usurpada do povo. Mas, pelo menos, uma nova história está sendo escrita. A história de um Brasil que começa a olhar fixamente nos olhos dos até então, impuníveis senhores de paletó e gravata que não honram sequer suas cuecas freadas.
Não há que se iludir com um Brasil próximo da Suécia em civilidade, mas há que se acreditar que existem caminhos para sairmos da putrefação política de hoje.